“Não podemos retardar o rompimento sob pena de prejudicar projeto de candidatura própria”

O deputado estadual Walter Alves surpreendeu com um posicionamento firme com relação a aliança entre PMDB e DEM no Governo do Estado: os peemedebistas devem romper agora e devolver todos os cargos que possui na atual gestão. Contudo, esse posicionamento – apesar de polêmico pelo fato de ser do líder do partido na Assembleia Legislativa e filho do ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, um dos maiores nomes da sigla no RN – não é nada recente. O também deputado estadual Hermano Morais, presidente do Diretório do PMDB em Natal, por exemplo, já compartilha dessa opinião há um bom tempo.

Hermano Morais, no entanto, foi além. Alertou em contato com O Jornal de Hoje pela manhã que uma demora na definição desse rompimento pode prejudicar o projeto de candidatura própria do partido. O posicionamento vai de encontro ao que o presidente da Câmara Federal (e presidente do Diretório Estadual do PMDB), Henrique Eduardo Alves, pediu na semana passada: que as discussões políticas ficassem para o próximo ano.

“Não podemos retardar essa decisão (com relação ao rompimento) sob pena de prejudicar o projeto político de candidatura própria para o próximo ano”, afirmou Hermano Morais, defendendo que o rompimento seja definido já na próxima reunião do partido – que deve acontecer em setembro ou outubro. “Acho que ainda neste ano temos que formar núcleos para a discussão dos problemas do estado e com o objetivo de buscarmos soluções e colocá-las em um projeto que possamos apresentar ao eleitor no próximo ano”, afirmou Hermano Morais.

Segundo ele, assim com o deputado Walter Alves afirmou na edição desta terça-feira do JH, o Governo do Estado não está conseguindo um “desempenho satisfatório no atendimento dos anseios da população”. “Esse modelo de gestão que está aí não está correspondendo e por isso temos que discutir alternativas, colher informações com relação ao que a população busca”, acrescentou Hermano.

Depois de discutir o rompimento com o PMDB e de elaborar o projeto ouvindo a população, aí sim, na visão de Hermano Morais, o partido estaria pronto para conversar com outras siglas, “sem excluir ninguém”, conforme já havia afirmado o deputado Henrique (mas defendendo que isso ocorresse só no próximo ano). “Defendo o cumprimento de um cronograma que possamos discutir primeiro com a população o projeto de governo e depois com outros partidos”, analisou Hermano Morais.

Vale lembrar que, no momento, os partidos de oposição, como o PSD (do vice-governador Robinson Faria), o PSB (da ex-governadora Wilma de Faria) e o PT (da deputada federal Fátima Bezerra) já estão cumprindo um cronograma de reuniões partidárias para definir eventuais chapas para a eleição do próximo ano. Porém, Fátima Bezerra, inclusive, em contato com o JH nesta terça-feira, afirmou que os petistas estariam sim abertos a conversar com o PMDB, desde que a sigla oficializasse o rompimento com a administração do DEM/PSDB, adversários nacionais do PT.

“Conversar com os partidos seria uma etapa seguinte de projeto, porque não acredito que o PMDB vai encontrar dificuldades em conversar tanto com partidos da base aliada, quanto da oposição, quando tiver um projeto de governo sólido, além de ser um partido forte e com influência em nível nacional”, afirmou Hermano Morais.

NOME DO PARTIDO

Hermano Morais afirmou que também não é importante, pelo menos antes de definir o “projeto de governo” e os aliados, quem será o nome que o PMDB vai lançar nesse objetivo de candidatura própria. “Essa discussão vem num momento posterior, porque o mais importante é o projeto”, explicou.

Independentemente da importância, o PMDB tem sofrido para a definição de nomes para uma eventual candidatura própria. Henrique Alves já definiu que não é candidato e vai tentar a reeleição para a Câmara Federal. Garibaldi Filho disse não querer a candidatura ao Governo do Estado. Walter Alves, por sua vez, também descartou a tese.

“Eu fico muito lisonjeado e honrado com a lembrança de alguns amigos, vereadores, colegas deputados, do ex-ministro Fernando Bezerra, de prefeitos, mas meu nome não está à disposição do PMDB. Vou tentar ser de novo deputado estadual”, afirmou Walter na manhã desta terça-feira, em contato com O Jornal de Hoje.

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