sábado, 7 de março de 2015

Câmara aprovaria impeachment de Dilma, diz presidente da CPI que derrubou Collor

Benito Gama (PTB) afirma que governo teria apenas 136 dos mais de 500 votos da Casa legislativa

Benito Gama, que hoje é vice-presidente do PTB – partido que apoiou Aécio Neves (PSDB) na eleição presidencial e ensaia uma fusão com o também oposicionista DEM –, diz que o resultado da votação de um impeachment seria semelhante ao da eleição para a presidência da Câmara, em que o peemedebista Eduardo Cunha derrotou em primeiro turno o candidato do Planalto, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
“O governo teria hoje os mesmos 136 votos dados ao Chinaglia na disputa pela presidência da Câmara”, diagnosticou Benito Gama. Para escapar da abertura de um eventual processo de impeachment, ele lembra, o governo teria de garantir um mínimo de 171 votos. Segundo o deputado, essa seria uma missão difícil em decorrência da crescente dificuldade do governo no Congresso e diante da expectativa de agravamento da crise política com a divulgação da lista de políticos investigados pelo Supremo Tribunal Federal.
No quinto mandato de deputado federal, Benito Gama pertenceu à base de Collor no Congresso, mas mudou de lado ao presidir a CPI que descobriu o vínculo entre a propina arrecadada pelo empresário Paulo César Farias, o PC, com as despesas da família do então presidente da República. Por ironia do destino, o vice-presidente nacional do PTB hoje é correligionário de Collor.
Benito Gama não quis participar da CPI da Petrobras – “minha fase de delegacia se encerrou” –mas frisou que até o momento não há qualquer fato que respalde um eventual pedido de impeachment. “Se der uma descarga no que é demagógico, partidário, político, eleitoreiro e emocional, até podem surgir as condições para o pedido de impeachment. Nesse momento, embora haja pressão popular, não há fatos como em 1992”, diz o baiano.
“O Congresso deve assumir um papel moderador evitando que a CPI dê um salto no escuro. Sem provas que justifiquem um impeachment, entraria nessa onda da Primavera Árabe”, observa o petebista. Ele sugere que a CPI cumpra sua função de investigar com equilíbrio e isenção. “Não pode dar em pizza. A COI deve dizer sim ou não para um pedido de impeachment”, aconselha. “Numa investigação bem conduz, se sabe como começa e como termina”.
Ele avalia que em 1992 agiu certo ao se rebelar contra a orientação de seu ex-chefe político e cacique do PFL, o ex-governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães, para garantir o aprofundamento das investigações contra Collor e, mais tarde, como o primeiro deputado a votar pelo impeachment.
IG

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