sábado, 28 de dezembro de 2019

Deputado hoje é um zé-ruela com CPF’, diz Luiz Philippe de Orleans e Bragança

Foto: Agência Brasil
Em entrevista ao Estadão, o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP), um dos ideólogos do Aliança pelo Brasil, partido que o presidente Jair Bolsonaro pretende criar, acusou o Centrão de ser o maior inimigo do governo e, ao defender uma reforma política, comparou deputados a “zé-ruelas com CPF”. “Em 2022 a gente faz uma eleição distrital, se Deus quiser. 
Aí você vai representar alguém de fato, não será um zé-ruela com CPF que o partido colocou lá para ganhar eleição”, disse. 
Do ramo de Vassouras da família imperial e no primeiro mandato, o “príncipe” – como é conhecido – afirmou ainda que a Câmara é “uma muvuca” e se disse a favor do parlamentarismo. “Minha esperança é que Bolsonaro seja o último presidente da República.”
As mudanças políticas via Congresso devem ser por etapas, a primeira delas o sistema eleitoral, para dar um choque de representatividade, com pessoas eleitas diretamente de contato com o eleitor, não dependentes de cabos eleitorais e do sistema político para se eleger. 
Sou contrário ao modelo atual em que a pessoa é eleita sem visibilidade, sem proposta nenhuma, não serve para nada, e está ali porque quer entrar porque remunera bem, tem uma vida boa e vai ajudar o partido, e não a sociedade.
O sr. detectou isso neste primeiro ano de mandato?
São os que votam contra todas essas mudanças políticas, contra acabar com o fundo eleitoral, contra ter mais transparência, contra aproximar o eleitor do eleito, a favor de reforçar o poder dos partidos e dos caciques. 
Agora, tem o pessoal do Centrão, acostumado a apadrinhar prefeitos, a passar emenda parlamentar para se eleger numa aliança futura, tem cabos eleitorais pagos pelo gabinete durante todo o ano e que trabalha no ciclo eleitoral. O dinheiro público jogado para o sistema político não tem mais cabimento.
O que o sr. vai propor?
Voto distrital, impresso ou auditável, recall de mandato, para a população remover seus representantes via abaixo-assinado ou referendo, interferir mais no fundo eleitoral, ter candidatura independente, avulsa. 
Numa segunda fase, vamos fazer a reforma partidária, dar mais transparência, democracia interna, ter compliance, a forma de seleção de candidatos de forma aberta, para não ter listas fechadas em que poucos escolhem. 
É difícil fazer uma reforma partidária com o sistema eleitoral tosco, controlado pelos partidos. O terceiro ponto são questões do regimento interno da Câmara e do Senado. A Câmara é uma muvuca, não se faz debate político. 
O presidente da Câmara atropela todos os deputados, que se tornam fantoches. O gabinete dele (Rodrigo Maia) parece uma repartição pública, faz fila de gente com chapéu na mão pedindo não sei o quê. Temos que transformar num modelo parlamentar de verdade.
E o quarto item?
É a mudança do sistema, passar do presidencialista para um mais parlamentarista. Até 2022, a gente faz uma reforma eleitoral e partidária. Em 2022 a gente faz uma eleição distrital, se Deus quiser. 
O perfil dos parlamentares vai mudar, a raiz deles, a vida social. Nesse contexto de proximidade do eleito com o eleitorado, você consegue alçar voos maiores. 
Aí você vai representar alguém de fato, não será um zé-ruela com CPF que o partido colocou lá para ganhar eleição e preencher lista, que é o caso hoje. 
No modelo distrital você, de fato, representa seu distrito e tem poder de fazer grandes debates. Se o Executivo estiver casado com essa missão, acho que temos uma boa chance.
Estadão

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