quarta-feira, 25 de novembro de 2020

ARTIGO: “Os brasileiros não compreendem o que um Maradona significa para um argentino”, por Enrique Robledo


Foto: Getty Images

Aos meus amigos Brasileiros

Hoje, aos 60 anos de idade, faleceu Diego Armando Maradona, o melhor jogador de futebol de toda a história.

Claro, quando um Brasileiro escuta esta frase, fica de cabelo em pé e imediatamente começa a retaliação: “Pelé foi melhor”, “Ronaldo jogava muito mais”, “Não amarra a chuteira de Romário”, “esse Maradona era um drogado”, e por aí vai.

Meus queridos “hermanos”: não adianta. Os brasileiros não compreendem o que um Maradona significa para um argentino. Vocês tem pelo menos dez “Maradonas” nas suas filas, todos famosos por ser os melhores jogadores de bola do mundo. E só.

Para nós, Maradona não é um jogador de futebol e só. Maradona é a paixão por uma camiseta, é abnegação ao seu time, as suas cores.

Para nós, Maradona é o mais bonito gol já feito numa copa do mundo, justamente contra o time do pais que acabávamos de perder uma guerra quatro anos antes.

Para nós, Maradona é aquele que sem precisar, entra para jogar infiltrado a risco de se lesionar permanentemente só pelo orgulho que tem pelo seu time. É aquele que os dois times rivais batem palmas quando entra em campo.

Para mim, Maradona é eu, meu pai e meu irmão ajoelhados no chão e com os braços em alto olhando para uma TV e gritando GOL com lágrimas de emoção nos olhos.

Para nós, “o Diego” não era um jogador de futebol, era um “artista”. E assim como ninguém liga se John Lennon usava drogas ou Jim Morrison morreu de overdose, nós não ligamos se Maradona era viciado, bocão, irreverente, de pouca educação ou cheio de defeitos.

Para nós, Maradona é uma marca registrada, única, insubstituível e até tal vez, insuperável. Assim como o “tango”, as “media lunas” e o “bife de chorizo” para poder saborear Maradona é condição inegociável: ser Argentino.

Enrique Robledo, porteño, natalense e apaixonado pelo Brasil

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